“Cuidar do planeta para o futuro da humanidade”: entenda tudo sobre a COP 30, em Belém do Pará
- Dora Frankenberg
- 12 de nov.
- 6 min de leitura
Em Belém do Pará, a COP 30 já começou e simboliza um marco histórico para a história do meio ambiente e envolvimento do Brasil na luta contra as mudanças climáticas. Mas o que exatamente é a COP? Como ela impacta os próximos passos do nosso país e do mundo? Acompanhe conosco esse evento tão importante e fique informado!
Afinal, o que é a COP?
COP é a sigla para Conference of the Parties — em português, Conferência das Partes. Ela se refere ao encontro anual dos países que assinaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), criada em 1992 durante a ECO-92, no Rio de Janeiro. Na época, 154 países aderiram à Convenção; hoje, já são 198 Partes oficialmente comprometidas com o objetivo de negociar ações globais para combater as mudanças climáticas, reduzir emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos do aquecimento global.
A primeira COP ocorreu em Berlim três anos após sua criação, e ganhou enorme atenção da mídia 20 anos depois: a COP21, sediada na França, em 2015, foi um marco histórico no combate à crise climática, onde todos os países do mundo assinaram o Acordo de Paris — o primeiro pacto climático global e juridicamente vinculante. Este se comprometeu a limitar o aquecimento global a no máximo 1,5 °C, enviar metas nacionais de redução de emissões e fortalecer o financiamento climático aos países mais pobres.
Desde então, o Acordo sofreu diversas turbulências; a saída, retorno e segunda saída dos Estados Unidos, o descumprimento das metas de grande parte dos países, o atraso do financiamento planejado, entre diversas outras irresponsabilidades das nações envolvidas. O balanço global mais recente indicou que, no ritmo atual, estamos caminhando para um aumento de 2,7ºC até o final do século — 1,2ºC acima da meta estabelecida, comprovando o descompromisso universal com o acordo.
Marcando uma década desde a criação do Acordo de Paris, a COP 30 pretende marcar uma nova etapa na liderança das ações contra as mudanças climáticas, com uma particularidade especial: é a primeira COP sediada na Amazônia.
A COP na Amazônia — Porque o Brasil é a sede do evento em 2025?
A Amazônia, além de representar enorme força e importância socioambiental, também é símbolo e exemplo de alerta sobre os iminentes riscos ambientais de nosso planeta e vítima incontornável das mudanças climáticas - não só sua flora e fauna, mas também as inúmeras comunidades que lá habitam.
Apesar de ocupar seis países da América do Sul, 60% de seu corpo encontra-se no Brasil. Essas vulnerabilidades, portanto, são de extremo interesse da nação, que carrega a enorme responsabilidade de manter de pé a floresta e sua gente.
Assim, abrigando a maior floresta tropical e reserva de água doce do mundo, nosso país sempre destacou-se nas discussões ambientais. Durante os anos 2000, o Brasil tornou-se referência mundial com a criação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, obtendo o resultado mais bem sucedido do mundo no combate ao desmatamento de florestas tropicais. Entre 2004 e 2012, foram reconhecidas 100 terras indígenas na Amazônia e 46 unidades de conservação foram criadas. Foi nesse período referenciado que, como supramencionado, a COP foi criada no Brasil.
Apesar das incontáveis irresponsabilidades políticas com a nossa Amazônia e seus povos, é imprescindível a participação brasileira nos debates internacionais concernentes ao meio ambiente.
O fato da Amazônia paraense sediar a COP 30 em 2025 destaca esse envolvimento e representa um momento decisivo para o Brasil, colocando o desmatamento, a preservação da biodiversidade, a justiça climática, e principalmente, o protagonismo dos povos da floresta no centro das discussões.
““Quando nos reunirmos na Amazônia brasileira em novembro, devemos ouvir atentamente a ciência mais avançada e reavaliar o papel extraordinário já desempenhado pelas florestas e pelas pessoas que as preservam e delas dependem
(...)
A todos aquelas pessoas historicamente marginalizadas, deslocadas ou silenciadas, a COP 30 deve ser o momento da virada para que sejam reconhecidas tanto como atores essenciais quanto como detentores de direitos na resposta climática global"
-André Corrêa do Lago, Presidente da COP 30
Apesar da importância dessas falas, é preciso estar atento à realidade e escutá-las de forma crítica. A participação dos povos da floresta na Conferência das Partes ainda é mínima e inacessível para a maioria.
A entrada na COP 30 exige a possessão de um passaporte credenciado, excluindo automaticamente um número enorme de vozes essenciais para a discussão sobre o território. No mais, os valores altíssimos de transporte e acomodação em Belém durante o evento, devido à enorme demanda, torna impossível o acesso desses mesmos povos.
É inadmissível que o mito da sustentabilidade seja disfarçado com a propaganda da participação dos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Usar seu nome como forma de validar a causa mas sem de fato fornecer os meios para sua participação é mais uma forma de apagamento histórico e estrutural que deve ser combatido e reconhecido.
E na prática? O que está acontecendo durante os dias do evento?
De 11 a 21 de novembro, a cidade de Belém, capital do Pará, Estado do Norte Brasileiro, foi nomeada temporariamente como a capital nacional do Brasil. Os Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo foram autorizados a se instalar em Belém durante o período a fim de conduzir suas atividades institucionais e governamentais, a fim de reforçar o protagonismo da Amazônia na agenda ambiental global.
Durante esses dias, as nações envolvidas debaterão 6 eixos temáticos prioritários da agenda de ação desta conferência, estes sendo:
Transição nos Setores de Energia, Indústria e Transporte
Gestão Sustentável de Florestas, Oceanos e Biodiversidade
Transformação da Agricultura e Sistemas Alimentares
Construção de Resiliência em Cidades, Infraestruturas e Água
Promoção do Desenvolvimento Humano e Social
+ 1 Tema Transversal: Catalisadores e Aceleradores, incluindo Financiamento, Tecnologia e Capacitação
Cada um destes temas apresenta uma série de objetivos-chave.

*Fonte: https://cop30.br/pt-br/agenda-de-acao
Além da Agenda de Ação, uma série de eventos acontecerão em paralelo às assembléias oficiais, tornando a capital uma real sede de discussão sobre o futuro de nosso planeta.
Como o Movimento reFloresta está envolvido na COP 30?
Alguns de nossos jovens estarão presentes na então capital do Brasil, participando arduamente no debate global e reforçando a importância do protagonismo das juventudes no que diz respeito às decisões sócio climáticas.
Estes são alguns deles!
Eliza Amorim
Nascida e criada na Comunidade de Anã, na bahia do Rio Arapiuns, Eliza é uma das importantes anfitriãs do Movimento reFloresta. Aos seus 20 anos, tem enorme envolvimento no turismo de base comunitária de sua comunidade, trabalhou na cooperativa Turiarte e faz parte do grupo de ativismo Filhas da Floresta.
Eliza é uma das oradoras do Festival de Investimentos de Impactos e Negócios Sustentáveis na Amazônia - FIINSA, que ocorreu em 10 de novembro no CESUPA (Centro Universitário do Pará), onde foram discutidas atividades sócio-produtivas, bioeconomia dentro das comunidades, envolvimento das juventudes em projetos socioambientais e tecnologia.
Liliane Santos da Silva
Nascida e criada na comunidade Triunfo, localizada na Estação Ecológica da Terra do Meio — a segunda maior unidade de conservação federal do país —, Liliane é liderança comunitária, ativista ambiental, comunicadora e jornalista da floresta. Sua atuação nasce do território e se fortalece através da comunicação comunitária e da defesa dos direitos socioambientais na Amazônia.
Representante (fundadora) do coletivo Olhos do Xingu, Liliane integra também o projeto Aliança dos Povos pelo Clima, que articula jovens e lideranças na luta por justiça climática e fortalecimento das vozes da floresta. Em 2025, foi selecionada entre os 50 jovens de todo o Brasil para participar do Generation Earth Shot: Leadership Programme, uma formação internacional voltada à criação e fortalecimento de lideranças climáticas, no Rio de Janeiro, entre os dias 2 e 5 de novembro de 2025.
Mario Henrique Ferreira
Mario Henrique Ferreira, nascido em São Bernardo do Campo, no Estado de São Paulo, acompanhará a COP com a Agência Jovem de Notícias e Revista Viração - um instrumento midiático que busca produzir um jornalismo do jovem para o jovem. Mario foi um dos 14 jovens brasileiros selecionados para cobrir o evento, trabalhando do dia 9 ao 22 de novembro, espalhados pela Zona Verde, Zona Azul e Cúpula dos Povos.
Edivaldo dos Santos
Edivaldo, 21 anos, natural de Santarém (PA), atua há mais de cinco anos no movimento Guardiões do Bem Viver, no território do PAE Lago Grande. Engajado nas frentes de comunicação e na organização de manifestações públicas, ele é um dos representantes do grupo durante a COP, onde participa de encontros, debates, palestras e mesas de diálogo. Além disso, o coletivo contribuiu para a elaboração do documento “Pré-COP 30”, que será entregue a lideranças presentes no evento como forma de manifesto.
Acompanhe o desenvolvimento dos nossos jovens ao longo do evento nos próximos dias!
Agora que conheço a COP, como posso me manter informado durante o evento?
É importantíssimo manter-se atualizado diante às decisões tomadas pelos Chefes de Estado durante a COP, afinal, são essas as decisões que definirão os próximos anos de nosso planeta. Mais ainda, é essencial dar atenção às vozes dos povos amazônidas, que estarão ecoando em alto som pela capital paraense.
Fique ligado em tudo e faça parte desse momento decisivo para o Brasil e o mundo!
Site Oficial COP30
Sumaúma: Jornalismo do Centro do Mundo
COIAB: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
Cúpula dos Povos: Rumo a COP30
Akauã Arapiun: Comunicador Oficial do Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns
Movimento reFloresta: Nosso instagram oficial!!!

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