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Terceira jornada reFloresta

No dia 5 de julho de 2024, nós, 22 jovens de diferentes regiões do Brasil, embarcamos a caminho da comunidade de Anã, lugar encantado com pessoas de um coração enorme, localizado na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, dentro da Amazônia paraense. 

 

Durante o período de 8 dias, reforçamos nosso imaginário, criamos uma conexão genuína entre nós, com toda a comunidade e, juntos, fortalecemos nosso ativismo em defesa da floresta e daqueles que vivem na linha de frente da luta pela sua proteção. 

 

A 3ª Jornada deu início a algo que continuará para sempre: a parceria, o amor e conexão do Movimento Refloresta com a comunidade de Anã pela Amazônia. Os trabalhos continuam para tornar realidade o projeto que nasceu nesta jornada e está sendo sonhado e construído pela comunidade com o apoio do movimento. 

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A viagem

A preparação para a 3ª Jornada se iniciou com a seleção dos 22 jovens de diferentes regiões do Brasil que embarcaram com destino à comunidade de Anã, na Amazônia Paraense. O processo seletivo durou 2 meses e levou em conta mais de 40 jovens para cumprir o propósito e os princípios do movimento Refloresta de conectar jovens de todo o Brasil com e pela Amazônia.

 

Os participantes selecionados saíram de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, da comunidade ribeirinha de Anã e da aldeia indígena Atodi, navegando em uma jornada interna e coletiva com e pela Amazônia.

 

A terceira jornada do Movimento Refloresta foi marcada por momentos profundamente especiais e transformadores — tanto entre os jovens participantes quanto, principalmente, na convivência com a comunidade de Anã.

A acolhida calorosa na chegada deu início a uma série de experiências significativas: trilhas guiadas por lideranças locais, dinâmicas do Refloresta, atividades de integração com a comunidade, banhos de rio sob o sol e ao luar, além de visitas às casas das famílias.

Durante a "Oficina do Futuro", foi possível sonhar e construir coletivamente com os moradores. No puxirum, todos se uniram na reforma do trapiche. Trocas de saberes, histórias e aprendizados aproximaram ainda mais os participantes da comunidade.

Na Noite Cultural, as apresentações artísticas prestaram uma homenagem emocionante às pessoas que acolheram o grupo com tanto carinho. Em seguida, a jornada seguiu até a comunidade de Atodi, com encontros, reencontros, visita ao projeto do barracão e rodas de conversa com os moradores.

O encerramento aconteceu com o ritual da Piracaia — uma roda de partilhas à beira do rio, iluminada por velas, seguida de um jantar especial que celebrou os laços criados ao longo do caminho.

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Aprendizados

A força coletiva revelou-se como uma chama que une corações distintos, em busca de um propósito que, inicialmente, nasce de uma vontade individual, mas logo se transforma em um desejo mútuo. Desde os primeiros dias da jornada, uma profunda sensação de conexão envolveu todos os participantes.

 

Apesar das diferenças, cada um compartilhou o desejo comum de, juntos, fazerem a diferença. Logo nas primeiras rodas de conversa, mergulharam na ideia de ser rio, que não é dominado pela margem, mas se aceita como algo em constante mudança e crescimento.

 

Em uma imersão geográfica e histórica, atravessaram os rios Arapiuns e Tapajós, descobrindo as características do solo, as espécies vegetais e a fauna local. Observaram as casas de palafitas, as variações no volume da água e praticaram o silêncio como forma de conhecerem os sons do ambiente. Nossos jovens celebraram a beleza de fazer parte do contexto, entendendo a grandeza de não apenas admirarem a Amazônia de longe, mas imergirem em tudo o que ela representa. Houveram momentos de profunda comunhão com a comunidade local, onde contribuíram ativamente para o levantamento de pautas essenciais para seu desenvolvimento.

 

Imergiram nas atividades cotidianas, como a piscicultura, o processo de preparação do urucum e a construção de malocas durante o Puxirum, realizadas com palha e madeira. Experimentaram a culinária local, explorando uma rica variedade de alimentos e combinações inéditas. Testemunharam de perto a força do turismo de base comunitária entenderam como a união da comunidade é fundamental para o sucesso desse modelo. Em Anã, foram inspirados pelas atividades artísticas dos moradores, incluindo poesia, pintura e música.


Embora frequentemente envolvidos em processos de transmissão de conhecimento, também desfrutaram de momentos introspectivos, refletindo sobre seus pensamentos e aprendendo a observar o mundo externo sem a necessidade de atribuir significados a cada visão, mas apenas apreciando a beleza das coisas como são. Desenvolveram sua escuta, fala e amizade em sua forma mais pura.


Cada dia trouxe experiências que deixarão marcas permanentes e aprendizados que vão além do tempo passado na Amazônia, gerando uma transformação contínua em cada coração que por lá passou.

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Puxirum: a reinstauração do trapiche

O Puxirum em Anã deixou marcas incríveis em todos que participaram dessa agenda, que foi realizada no sexto dia de imersão da 3ª jornada do Movimento Refloresta, quem lá estava pôde ser agraciado com a possibilidade de reformar o trapiche da comunidade e entregar todo seu suor àquele momento coletivo de ajuda para revitalizar um espaço tanto especial para os anaenses.

O trapiche de Anã é a porta de entrada da comunidade e um ponto turístico para moradores e visitantes, na beira do Arapiuns, é um dos primeiros pontos que se vê quando se navega em direção a comunidade, e a vista do próprio trapiche é talvez a mais bonita de anã e do rio.

Esse local tão especial para o povo de anã sofreu com algumas cheias e falta de manutenção ao longo do tempo, sua passarela, telhado e o piso de madeira estavam desgastados e a missão do Refloresta foi ajudar na restauração desse lugar. Com a coordenação dos líderes e moradores de Anã: Seu Zé, Aldair, Odila e especialmente Seu Raimundo, todos os jovens do movimento foram guiados às tarefas do dia e sensibilizados com a necessidade de se dedicar para entregar um espaço revitalizado para a comunidade.

O dia começou com o carregamento de grandes tábuas que comporiam o piso do trapiche, o movimento coletivo de transportar as madeiras em grupos até a beira da praia deram o tom do trabalho pelo restante do dia. Enquanto se formou uma corrente de pessoas para subir as tábuas ao trapiche, outros jovens se empenharam também em limpar a praia no entorno do local, já que uma enchente histórica havia derrubado a antiga unidade de saúde da comunidade que ficava ali na beira do rio, deixando diversos pedaços de tijolos, vidros e outros resíduos no rio e na areia.

Enquanto a praia ia sendo limpa, no alto do trapiche as tábuas iam se encaixando no chão pelas mãos dos jovens sob a orientação de Seu Raimundo, que cuidadosamente, guiava e ensinava todos a posicionar corretamente as madeiras, martelas os pregos, e ao final, a profunda arte construir um espaço, um chão para pisar.

Todo abrigo precisa de um teto, não era diferente no trapiche, parte dos jovens se dedicaram ao ofício de remontar o teto de palha que cobria o local, também um pouco já castigado pelo tempo. A palha que já havia sido caprichosamente cortada e posta ao sol para secar, apenas esperando o Movimento Refloresta para o dia do puxirum, foi sendo trazida pelos jovens de um terreno distante até a beira da praia. Enquanto as palhas chegavam ao trapiche, uma verdadeira força tarefa se formou para aprender a amarrar a palha e prendê-la no telhado; para o movimento aquele foi um momento muito especial, trabalhar com a palha e aprender os saberes dos locais com essa fonte tão natural e forte de proteção da natureza, de poder construir um teto sobre nossas cabeças com algo tão manual e simples, mas ao mesmo tempo grandioso.

O puxirum teve pausa apenas para o almoço, mas o dia foi todo intensa e cheio de aprendizados, dar vida à arte milenar de construir um espaço de acolhimento, de brincadeira para as crianças e contemplação para os adultos da comunidade, foi sem dúvidas inesquecível para todos que compartilharam aquele momento. Os banhos de rio ao longo do dia para refrescar o calor intenso e a paisagem paradisíaca daquela imensidão de água sob a guarda da floresta foram os combustíveis do movimento para encararem esse trabalho tão satisfatório, juntou-se a isso todo o cuidado, sensibilidade e dedicação dos anaenses com o movimento refloresta, que passaram seus saberes em diante e inundaram aquele momento de vida e trabalho coletivo.

Puxirum tem como um de seus significados “ajuda mútua”, esse nome representa não apenas uma forma coletiva de trabalho, mas um modo de vida, de se relacionar com a terra, com o espaço em que se pisa, com uma forma de organização que prioriza a sociedade e abraça o indivíduo. O dia do Puxirum de em Anã terminou com um banho de rio sob o por do sol no Arapiuns, com a mais grata sensação de todo o Movimento Refloresta em ter abraçado e se sentir abraçado por Anã.

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