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Comunidade de Anã
Aldeia Arumã

 

“Anã” é o nome de uma comunidade ribeirinha, banhada pelo rio Arapiuns e localizada no município de Santarém, dentro da Amazônia paraense na Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns. O nome faz referência a um ser encantado que era cultuado pelos indígenas da região, o “Moanã”, nome que em tupi-guarani significa ser encantado, motivo de muitos anaenses acreditarem que vivem em uma terra encantada.

No início, a comunidade era um pequeno local onde os indígenas do povo Arapiun residiam por temporadas, até o momento em que passaram a se fixar nessas terras onde o fluxo de imigração também foi muito grande. Não só por parte de europeus vindo principalmente de Portugal, mas também por parte da população negra que fugia dos senhores de escravos.

A partir disso, a comunidade cresceu com raízes e influências de várias descendências, as quais acabam refletindo muito na vida das aproximadamente 90 famílias que vivem em Anã hoje. Elas dividem e dedicam seu tempo às atividades comunitárias, igrejas, unidade básica de saúde, escola, time de futebol e vários outros projetos com base no sustento alimentar e financeiro que foram surgindo com o tempo, como é o caso da piscicultura, projeto reconhecido internacionalmente e gerido por mulheres, MUSAs (Mulheres Unidas Sonhadoras em Ação), desde 1990 quando foram patrocinadas para praticar o manejo de Tambaquis em tanques flutuantes. Outro projeto que se destaca em Anã é o trabalho na meliponicultura com o manejo das abelhas melíponas (abelhas sem ferrão) que tem como princípio o respeito e a preservação da natureza e das espécies manejadas.

​Essas atividades vêm servindo como base alimentar, um prato típico na mesa dos turistas e, além disso, uma renda complementar que circula dentro da própria comunidade e assim como a agricultura familiar, resistem. A agricultura é uma atividade cultural e ancestral que sustenta a maioria das comunidades e aldeias da região, assim como em Anã onde o Turismo de Base Comunitária depende totalmente dessas atividades. O “TBC” foca na divulgação das outras atividades, procura mostrar a beleza da comunidade, seu lado histórico, a vivência real de uma comunidade totalmente ribeirinha, pontos fortes e fragilidades, forma de organização, o que ela já alcançou. Anã consegue ter uma vida tranquila e organizada, dividindo essas e outras atividades entre os comunitários.

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Atividades principais

No final de 1999, a comunidade de Anã recebeu, pela primeira vez, um projeto da CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) voltado ao manejo de tambaquis em tanques flutuantes. O objetivo era garantir segurança alimentar para Anã e outras 16 comunidades também contempladas pela iniciativa. O projeto despertou o interesse da coordenação local e dos demais moradores, sendo então aceito pela comunidade. Inicialmente, foram doados cerca de mil alevinos por comunidade, e técnicos ministraram cursos sobre manejo e cuidados básicos. Em Anã, optou-se por um modelo de manejo coletivo, que acabou não funcionando bem e levou ao encerramento da iniciativa — algo que também ocorreu em outras comunidades participantes. Entre 2002 e 2003, um pequeno grupo de mulheres decidiu recomeçar o projeto por conta própria. Fundaram o grupo Tambaqui Mulher, com a proposta de buscar recursos para construir mais tanques, adquirir alevinos e ração, e alcançar uma produção capaz de atender, prioritariamente, à demanda da própria comunidade — já que a escassez de alimentos no rio Arapiuns era, e ainda é, preocupante. Nesse período, as mulheres enfrentaram forte resistência e machismo. Para muitos, era inconcebível que mulheres assumissem o papel de provedoras, atividade vista como estritamente masculina. O grupo, que começou com 19 mulheres, foi reduzido a 15, pois alguns maridos não aceitavam que suas esposas "perdessem tempo" em uma iniciativa que, segundo eles, estava fadada ao fracasso. As mulheres que resistiram a essa opressão passaram a chamar sua trajetória de Insistência Feminina. Por meio de editais, reuniões e, principalmente, enfrentando incontáveis “nãos”, conquistaram apoios importantes que lhes permitiram transformar seus sonhos em realidade. O grupo mudou de nome novamente: passou a se chamar MUSA – Mulheres Unidas Sonhadoras em Ação. E, ao contrário do que muitos previram (e até tentaram impedir), as Musas prosperaram. Em 2023, passaram de mil alevinos para quase 20 mil tambaquis. Mudaram também sua metodologia: deixaram o modelo coletivo e passaram a trabalhar de forma familiar — cada mulher passou a cuidar do seu próprio tanque. Hoje, as Musas não apenas abastecem Anã, mas também outras comunidades envolvidas com turismo de base comunitária, onde o peixe é o prato principal na mesa dos visitantes. Reconhecidas internacionalmente, as Musas são celebradas não apenas pela inovação da iniciativa, mas também por sua resistência e por inspirarem outras mulheres a liderar e transformar.

Conheça Anã você também!

Alter do Chão, Santarém, PA - Brasil

+ 55 (93) 99148-0626

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