
Farinhada em Atodi
Uma das manifestações tradicionais mais presentes no cotidiano de Atodi, assim como em múltiplas comunidades originárias por todo o Brasil, é a Farinhada. Muitas vezes resumida ao ato de produzir a farinha de mandioca, essa prática engloba uma tradição afetiva que ajuda a manter a identidade cultural de Atodi, além de proporcionar renda e subsistência para a aldeia. A Farinhada não se trata apenas da produção de um alimento e sim, trata-se de um saber ancestral e de uma prática que valoriza a comunidade através do suprimento das necessidades básicas de cada indivíduo, além de reiterar a presença crucial da agricultura familiar no contexto sócio-econômico da modernidade.
Apesar disso, não foi sempre que a farinha foi destinada ao comércio externo na comunidade, tradicionalmente, ela era produzida para a subsistência local e, ocasionalmente vendida para comprar produtos específicos, como materiais escolares para as crianças e ao longo do tempo, ela foi ganhando destaque no desenvolvimento econômico da região. Atualmente, a comunidade conta com diversas formas de gerar lucro, como o turismo comunitário, o artesanato, entre outros, por tanto, a produção de farinha e de seus subprodutos (beiju, tucupi, goma) não é tão intensa como costumava ser, mas, por muito tempo, ocupou o papel principal fonte de renda para Atodi.
A atual da manutenção da prática da Farinhada não é crucialmente motivada pela economia, mas sim pelo valor cultural da farinha, que não pode faltar na mesa de um nortino. Fazer a Farinhada é manter viva a identidade comunitária de uma aldeia, fazer a Farinhada é manter viva a cultura originária, a tradição passada como herança. O ato de fazer farinha é prático, mas os impactos da Farinhada se estendem para o plano simbólico.










