
Escola Nossa Senhora das Graças
A Escola Nossa Senhora das Graças é uma instituição municipal fundada em 1955 e nomeada em homenagem à padroeira da comunidade e é lar da educação formal para os jovens de Atodi, contando com ensino da Pré-Escola até o fim do Fundamental, nono ano.
Em um cenário antes da autodeclaração da comunidade como índigena, a situação da escola, tanto estrutural, quanto acadêmica, era um problema constante para os jovens de Atodi. A merenda fornecida para os estudantes era quase integralmente montada com produtos enlatados híper-industrializados, rara era a ocasião em que os jovens comiam vegetais e carnes frescas. Além disso, havia uma grande falta de professores e os poucos que havia, mais comumente, não tinham formação completa, problema que se juntava a falta de reconhecimento de diferentes modos de aprendizado, como o ancestral, presentes no cotidiano atodiense, que não se encaixam no modelo de educação formal padronizado no Brasil.
Em 2024, dois anos após a autodeclaração de Atodi, a escola sofreu uma reforma no prédio, junto de múltiplas outras da região, algumas que nem necessitavam de uma mudança na infraestrutura, mas a receberam, ao invés de outros auxílios mais significativos, como parte da campanha eleitoral rasa do prefeito da época. Além disso, no âmbito mais prático, também houve uma melhoria significativa na qualidade da comida fornecida aos alunos, agora com a presença de alimentos frescos em suas merendas.
Já na área curricular, ocorreram mudanças ainda mais chamativas. Atualmente, a escola tem o direito de ter um professor de Notório Saber para compor o corpo docente, um profissional que, apesar de não possuir a formação acadêmica tradicional (diploma em pedagogia ou licenciatura), é reconhecido por seu profundo domínio de conhecimentos práticos e tradicionais. Esta posição é um símbolo de conquista dos séculos de resistência e luta dos povos originários pela valorização de seus saberes. Ainda neste âmbito, agora a escola conta com um professor da língua Nheengatu, reconhecida por doze dos treze povos do Baixo Tapajós como sua língua indígena ancestral. Para complementar, atualmente existe a obrigatoriedade de um corpo docente integralmente indígena, que, junto de todas as outras melhorias mencionadas neste parágrafo, ajudam na retomada da identidade étnica local.
As melhorias ocorridas na escola, tanto de infraestrutura, quanto de ensino, são resultado de anos de reivindicação, luta de múltiplas frentes e diálogo com a Secretaria de Educação do Município de Santarém (SEMED).
É importante notar que, apesar da melhoria significativa a partir da autodeclaração, a escola ainda lida com múltiplas questões que dificultam a formação de jovens indígenas críticos e orgulhosos de sua identidade, como a ausência do Ensino Médio na comunidade, que leva a grande maioria dos estudantes a se mudar para Santarém, longe de seu território, e os que decidem contra essa mudança acabam, em sua maioria, sem estudar.









